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"RICARDO E VÂNIA" É UM GRANDE EXEMPLO DE AMOR À PROFISSÃO E AMOR AO PRÓXIMO.

DETALHES TÉCNICOS


“Ricardo e Vânia” é um livro biográfico de não-ficção brasileira categorizada como uma grande reportagem, escrita pelo repórter, escritor e mestrando em Escrita Criativa na Universidade Columbia, Nova York, Chico Felitti. Lançado em 2019 pela editora Todavia Livros, o livro contém 192 páginas ao todo, podendo ser facilmente achado tanto na versão e-book quanto em unidades físicas.


HISTÓRIA


“O maquiador, uma garota de programa, o silicone e uma história de amor”, como consta no subtítulo do livro, soa como um puro sensacionalismo por parte do escritor. Porém, para os leitores do livro, são palavras-chaves principais de toda a trama que Ricardo Correa da Silvia e Vagner Munhoz passam – e passaram – por suas vidas, marcas essas que se iniciaram nas décadas de 70 e 80, estendendo até os dias atuais.

Chico Felitti narra toda a sua convivência e momentos que teve com Ricardo, popularmente, de maneira desrespeitosa, conhecido nas ruas de São Paulo como ‘Fofão da Augusta’; e Vânia, companheira amorosa e profissional de Ricardo por vários anos. Fugindo um pouco da risca de livros biográficos, Chico estabelece uma ordem cronológica não da vida dos nossos protagonistas, e sim dos meses que o escritor, juntamente com sua mãe - a também escritora Isabel Dias –, estiveram profundamente envolvidos com essa história.


ANÁLISES E OPINIÕES


E coloque “profundo” nessa reportagem, uma vez que Chico Felitti exerceu brilhantemente seu ofício de jornalista, se arriscando constantemente em entrevistar parentes, amigos e conhecidos dos protagonistas; indo e passando por zonas e situações perigosas, como na vez em que o escritor foi em um hotel na zona da Cracolândia que Ricardo se hospedava e foi quase agredido gravemente pelo mesmo em uma das crises mentais de sua esquizofrenia.

Fora ainda os pequenos “sacrifícios” que Chico teve que ceder para alimentar essa fome de curiosidade em conhecer mais sobre a vida de Ricardo, que foi gerada há “15 anos atrás”, como diz Felitti, por exemplo o que nos foi contado no primeiro capítulo da obra: um almoço de celebração da Páscoa, de 2017, em família foi interrompido após uma mensagem que Ricardo estava internado no Hospital das Clínicas, dado como desconhecido por não apresentar documentos. E sem contar que viajou para Araraquara e até Paris, onde Vânia atualmente mora por décadas, para colher justamente essas tantas curiosidades e histórias que sabemos, hoje em dia.

Mais que um verdadeiro exemplo de determinação e esforço que todo trabalhador, principalmente os jornalistas, têm que ter, também Chico Felitti é um verdadeiro exemplo de ser humano, nunca perdendo a postura e o respeito com próximo. Acima de tudo, sua escrita, enriquecida com muitos detalhes do ambiente, traz maior sensação de imersão, prendendo o leitor em cada diálogo e momento específico, sem ser algo jogado ou forçado, em que a escrita, por mais que seja formal, a maneira como é abordada acaba tornando como um verdadeiro bate-papo entre amigos.

O trabalho de Chico, tanto em “Ricardo e Vânia” quanto a matéria do BuzzFeed, conseguiram transformar o ‘Fofão da Augusta’, um meme de São Paulo; como Ricardo Correa da Silvia, artista. Conseguiu mostrar, com maestria, como que o preconceito, a negação, a imposição de valores estéticos e ‘padrões de belezas’ e a exclusão afetam a individualidade de cada um, e como que, no Brasil, infelizmente, a situação ainda é bastante preocupante quanto à inclusão social e profissional de travestis e o enorme preconceito que as atingem.


Cada história merece ser contada, cada voz merece ser ouvida. Obrigado, Chico Faletti.

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